Dia Internacional da Pessoa Migrante: unindo diferenças e culturas contra a xenofobia - Psicólogo Bruno Wisniewski - CRP 08/24791

Dia Internacional da Pessoa Migrante: unindo diferenças e culturas contra a xenofobia

Postado em 17/12/2022 00:40 - Edição: Bruno Wisniewski

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) registrou, desde o início de 2014, mais de 25 mil mortes em rotas de migração para a Europa. Os dados de 2022 podem estar incompletos devido aos naufrágios invisíveis, que são muito frequentes. Estamos falando de casos em que barcos inteiros são perdidos no mar, sem qualquer busca ou tentativa de salvamento.

Isso me recorda de quando o povo europeu tentou proibir a entrada de imigrantes africanos, ou de quando vaiou jogadores negros e de outras etnias na copa de 2018. Naquele mesmo ano, o time francês tinha 14, de 23 jogadores, negros: filhos e netos de imigrantes, com raízes em dezenas de países, experienciaram a sensação de vencer uma Copa do Mundo.

A atual seleção francesa tem 78% dos jogadores filhos de imigrantes, e a  seleção marroquina, que disputa atualmente a Copa do Mundo, tem 17 jogadores nascidos fora do país.

A Copa do Mundo traz à luz a história emocionante de pessoas que migraram para a Europa e de como o futebol ainda é o único meio possível de transformação social  àqueles e àquelas que foram relegadas(os) à periferia da sociedade. 

Muitas(os) dessas(es) imigrantes têm histórias dignas de filme. Superaram todas as dificuldades da  inevitável migração, tiveram suas cidadanias questionadas, perderam a pátria mãe, escaparam da morte. Mas não da violência racista e xenofóbica que, em muitos casos, também vitimou seus pais e avós.

Em 2022, o povo que migra segue conquistando mais espaço, se apropriando de suas seleções esportivas e unindo diferenças, culturas e geopolíticas, entretenimento e denúncias urgentes, em torno das diásporas e naufrágios que não cessam.

Nosso Brasil é assim também, repleto de chegadas e saídas, de desejadas(os) e “indesejadas(os)”. Nosso país se fez e ainda se faz em cima das migrações, em que muitas e muitos conseguem honrar seus antepassados, e outras(os) ainda não assimilam uma cultura do pertencimento.

Como bem nos lembra a jornalista Eliana Alvez Cruz, a casa não tem a ver com território, com certidão de nascimento. Pertencimento é mais que a noção torta de “pátria”.

Por psic. Rima Awada Zahra (CRP-08/17102), especialista em Psicologia Clínica na abordagem sistêmica, com experiência no atendimento de migrantes e refugiados. Atua na área de Direitos Humanos, com ênfase em saúde mental. Colaboradora do Núcleo de Psicologia e Migrações do CRP-PR desde 2015. Coordenadora da Pós em Psicologia e Migrações da Puc Minas. Autora da coleção Mundo Sem Fronteiras, incluindo Layla, a menina Síria, O Haiti de Jean, e Malaika, força do Congo, livros selecionados para o Clube de Leitura dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Ref.: http://crppr.org.br/